domingo, 21 de agosto de 2011

PERSONAS POTIGUARES: ZÉ AREIA


José Antônio Areias Filho (1901-1972), transmudado de pessoa a personagem por conta de seu humor afiado, quase Rei Momo, transeunte dionisíaco das Rocas e da Ribeira, celebrizou-se graças à memória de seus conterrâneos, amigos de boemia e admiradores. A seguir, algumas histórias das muitas registradas por Veríssimo de Melo (em "Sátiras&Epigramas" e "Pequena Antologia do Humor Natalense"):

Entrando no restaurante de D. Zefinha, nas Rocas, Zé Areia pediu uma galinha assada. Veio o prato e ele ia começar a comer. Mas, num gesto fidalgo, ofereceu-o à dona da casa, nestes termos:
  Vamos comer uma galinha, dona Zefinha?
A mulher, mau-humorada, respondeu bruscamente:
 – Não gosto de galinha.
Ao que ele completou:
– Isso é que é uma classe desunida!


Encontrando um amigo, que morava nas Rocas, Zé Areia disse:
– Eu hoje vou almoçar e jantar com você.
O homem respondeu zangado:
– Na minha casa não entra corno!
Zé Areia indagou:
– E você dorme na calçada? 

Faz pouco tempo, Zé Areia andava na Av. Tavares de Lyra com uma sela para vender. Encontrando Mário Vilar, que passava apressado, ofereceu a mercadoria, assim:
– Seu Mário, eu tenho uma sela para vender ao senhor!
Mário respondeu em cima da bucha:
– Eu não sou cavalo!
Ao que Zé Areia retrucou:
– Mas serve também pra burro!...


Entrando numa peixada, nas Rocas, Zé Areia observou vários rapazes que discutiam sobre as melhores partes do peixe. (...) Lá para as tantas, um dos rapazes pediu a opinião dele sobre a parte do peixe que preferia. Improvisou esta quadrinha:
Embora tudo aconteça,
De valente não me gabo;
Do peixe quero a cabeça,
Da mulher prefiro o rabo.

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