domingo, 31 de julho de 2011

PRETENSA POESIA

POEMA LUNAR 1
Um verso eu queria
Com brilho de lua
De luz que irradia
A verdade nua.
Queria sim, um verso
De palavra plena e vazia
A conter em si o universo
Eu queria a poesia!

POEMA LUNAR 2
Sob lua majestosa
Vou tecendo, fio a fio
Nem verso nem prosa
Mas de mim pedacinho...
Vou tecendo, meio vã
De insanidade a vida
Ela sabe, minha irmã,
Ela apenas, lua amiga.

POEMA LUNAR 3
Um suspiro,
Um sussurro
E o vento frio
Com a noite vêm.
Só ela comigo
E meu murmúrio
E meu delírio
E mais ninguém.



MAIS UM POEMINHA ORDINÁRIO

Dizem que a esperança
É a última que morre.
Pois morro esperando,
Em busca de um nome.
Um nome que me chame,
Que me clame, infame,
Que me procure também
Enquanto durar
O enquanto.

(Vagando numa tarde de sábado pelo Benfica à procura do Gonçalves, o Príncipe Loiro)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Bye, Amy!

Back to Black

Composição: Amy Winehouse / Mark Ronson

He left no time to regret
Kept his dick wet with his same old safe bet
Me and my head high
And my tears dry, get on without my guy
You went back to what you knew
So far removed from all that we went through
And I tread a troubled track
My odds are stacked, I'll go back to black
We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to
I go back to us
I love you much
It's not enough, you love blow and I love puff
And life is like a pipe
And I'm a tiny penny rolling up the walls inside
We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to
We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to
Black, black, black, black
Black, black, black...
I go back to
I go back to
We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to
We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to black

sexta-feira, 22 de julho de 2011

ENCONTRO CEARENSE DE HISTORIADORES DA EDUCAÇÃO / ENCONTRO CEARENSE DE GEOGRAFIA DA EDUCAÇÃO

X ECHE - III ECEGE

CULTURA - EDUCAÇÃO - ESPAÇO - TEMPO

28 a 31 de julho de 2011


- Encontro Cearense de Historiadores da Educação e o III ECEGE - Encontro Cearense de Geografia da Educação têm o objetivo de dar visibilidade à produção acadêmica de pesquisadores experientes e iniciantes, sob diferentes recortes e perspectivas, que incidam sobre a temática geral proposta: CULTURA, EDUCAÇÃO, ESPAÇO, TEMPO.
Dentre as muitas possibilidades da História e da Geografia, como ofício, está a que permite falar, contar, narrar a nós mesmos, por meio de nosso passado e do espaço que produzimos, de nossas matrizes culturais, das ações e processos educacionais, dos conflitos e resoluções, pensados a partir de contingências e possibilidades. São ciências que buscam desvendar as entranhas e liames da vida social, em suas dimensões econômica, política e cultural, distendidas no tempo e no espaço.
O evento quer contribuir para aglutinar as iniciativas de pesquisa na área de História e Geografia da Educação das diversas universidades cearenses, favorecendo o fortalecimento de uma rede de ação institucional e a publicação dos seus resultados de pesquisa, que serão revertidos positivamente para o processo de ensino, formação de pesquisadores e professores, bem como para o conhecimento do passado e da dimensão territorial local, em conexão com as instâncias nacional e internacional, para um melhor entendimento dos desafios do presente.
Os estudos no campo da Educação estão, cada vez mais, pelo contexto sócio-cultural que contemporaneamente se delineia, submetidos a novas exigências. Esse campo vem sendo pressionado por imperativos de ordem científica e de ordem profissional, como também de ordem política, administrativa e econômica. As tensões criadas por essas pressões nem sempre são decodificadas e analisadas mais a fundo. A tomada de consciência dos processos de mudança de diferentes ordens que atingem a sociedade, as comunidades, as pessoas, po­dem representar um momento privilegiado para abordagens no campo educacional, construindo-se novos sentidos dentro das compreensões procuradas para os fatos, as relações, os impactos e as mutações.
CULTURA, EDUCAÇÃO, ESPAÇO, TEMPO constitui o foco da discussão proposta, com vistas a revelar, por um lado, a diversidade de experiências nos dois campos de ação (História e Geografia da Educação) e por outro analisar as questões que se colocam na discussão da pesquisa em educação passando pela diversidade de temas, áreas, enfoques e também denominações que qualificam esse campo. Nesta perspectiva, buscar um melhor entendimento do que queremos estudar, quais os conhecimentos necessários para a formação de uma base teórica e que caminho trilhar no processo da pesquisa.
As 09 últimas edições do evento ocorreram nos seguintes lugares: o 1º em 2002 e o 2º em 2003 ocorreram na FACED/UFC. Em 2004, realizamos o 3º evento na UVA/Sobral. Em 2005, retornamos a Fortaleza, onde o 4º evento teve como sede, novamente, a FACED/UFC. Em 2006, o 5º evento foi realizado em Guaramiranga, juntamente com o I Encontro Norte e Nordeste de História da Educação, contou com o apoio da prefeitura local e dos órgãos estaduais e federais de fomento à pesquisa. Em 2007, o 6º evento ocorreu em Aracati juntamente com o I Colóquio Internacional de História da Educação, com a presença do Prof. Justino Pereira Magalhães, Professor Catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa e da Profa. Teresa Laura Artieda, Professora Titular da Facultad de Humanidades de La Universidad Nacional Del Nodeste, Chaco, Argentina. Em 2008, o 7º evento ocorreu em Barbalha, com a presença do Prof. Felipe Zau, Pesquisador e Assessor do Ministério da Educação de Angola. Em 2009, retornamos a Fortaleza, onde foi realizado na FACED/UFC o 8º evento, com a presença dos conferencistas Prof. Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE e professor da UFRJ e da Fundação Getúlio Vargas e da Profa. Zeny Rosendahl, professora da UERJ, Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Espaço e Cultura. Em 2010, no 9º evento, retornamos a UVA-Sobral e o nosso convidado para a conferência de abertura foi o Prof. Jorge Ramos do Ó, professor associado do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
Agora, em 2011, O X ECHE e III ECEGE serão realizados na Universidade Estadual do Ceará, Campus do Itaperi, Fortaleza - Ceará. Esta instituição de Ensino Superior, ainda não foi sede do evento e possui cursos de graduação em Geografia, História e Pedagogia, além de outros cursos de licenciatura objetivando a formação de professores. Na pósgraduação possui os cursos de Mestrado em Educação, Mestrado em História e Cultura e Programa de Pósgraduação em Geografia.
Portanto, o evento terá um público interno - alunos, pesquisadores e professores, interessados em participar do evento. Outro item importante será a comemoração da 10ª edição do evento em uma universidade estadual que tem como histórico a formação de professores e que anexou em sua criação os cursos originários da antiga Faculdade Católica do Ceará.

terça-feira, 12 de julho de 2011

A EXPLOSÃO CRIATIVA DO POEMA-PROCESSO - por Falves Silva



Desde o início do século XX, Natal divide-se entre a tradição e a modernidade, tomando como marco zero a palestra proferida pelo jornalista Manoel Dantas em 21 de março de 1909, sob o sugestivo título NATAL DAQUI A 50 ANOS, onde o visionário Dantas preconiza uma Natal futurista rica em tecnologia, onde a comunidade se deleitaria, longe daquilo que ele denominou de “Perigo Iminente”; se de um lado existiam os folguedos tradicionais, Lapinhas, Fandangos, Boi de Reis, saraus, cantões, por outro lado existia uma modernidade démodé, seja na vestimenta importada diretamente de Paris (segundo cronista da época), ou ainda nas palestras, a exemplo de Manoel Dantas, o que era costume no período a que me refiro.
1927. Seria, a rigor, um outro momento de grande relevância para a modernidade potiguar, antenado com o movimento paulista de 1922, o poeta Jorge Fernandes publicaria sua obra única, o LIVRO DE POEMAS, onde o autor deixa transparecer sua consonância com as teorias difundidas pela Semana de Arte Moderna de 22. Anos depois surge um outro poeta e romancista, José Bezerra Gomes, com sua poesia síntese, a exemplo de seu poema TODOS, onde o título incorpora-se ao resto do texto IRMÃOS; a nosso ver, Gomes seria o poeta da economia das palavras, um modernista por excelência.
1943. Segunda Guerra Mundial. Natal passa a ser o Trampolim da Vitória, vanguarda militar. Os yankes invadem as ruas da capital potiguar, coca-cola e chicletes, yes, nós somos bacanas!
1949. Newton Navarro, Dorian Grey e Ivon Rodrigues realizam a primeira Exposição de Pintura Moderna em Natal, sob influência do cubismo e dos modernistas de 22.
1961. O Cine Clube Tirol inaugura uma nova etapa, dentro daquilo que seria o espírito da modernidade provinciana: surgia uma geração de estudiosos da sétima arte e de outras artes em geral, futuros poetas, romancistas, artistas visuais, críticos, políticos e intelectuais, alguns em busca de novas postulações teóricas e uma prática em processo, entre os quais: Gilberto Stabile, Alderico Leandro, Bené Chaves, Hermano Paiva, Moacy Cirne, Franklin Capistrano, Francisco Sobreira, Juliano Siqueira, Antonio Capistrano, Valdeci Lacerda, dentre outros.
1967. Eclodiu o movimento do POEMA-PROCESSO, com uma exposição realizada no Sobradinho (Museu Café Filho), em 11 de dezembro daquele ano.
O Poema-Processo tem suas bases teóricas alicerçadas  nos poemas espaciais de Wlademir Dias-Pino, AVE e SÓLIDA, que já participara, 10 anos antes, do movimento da POESIA CONCRETA, ao lado de Haroldo e Augusto de Campos, Décio Pignatari, Ronaldo Azeredo, José Lino Grunewald, dentre outros. Juntaram-se a Wlademir, Álvaro e Neide de Sá, Moacy Cirne e Anchieta Fernandes, que aprofundariam os estudos estetizantes desse que seria a rigor o primeiro e único movimento estruturado dentro de uma visão revolucionária, organizando exposições, debates e lançando manifestos no Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, respectivamente.
No catálogo da primeira exposição, constam os seguintes poetas: Dailor Varela, Anchieta Fernandes, Falves Silva, Frederico Marcos, Nei Leandro de Castro, Laércio Bezerra, Wlademir Dias-Pino, Sebastião Nunes, Anselmo Santos, Neide de Sá, Marcio Sampaio, Henry Correia e Álvaro de Sá.
No final dos anos 60 e início dos 70, no auge do Regime Militar, o Movimento do Poema-Processo conseguiria driblar a censura repressora daquele momento histórico. Criando novos signos visuais, no texto do catálogo, Moacy Cirne descreve muito bem o clima que norteava a cultura daquele momento:
O poema-processo nasceu das condições históricas e sociais que dominam o Brasil atual: a necessidade de um Estado revolucionário. A poesia concreta já apresentara um programa de ação a partir do nosso contexto social. Hoje, mais do que nunca, os poetas e artistas devem ser guerrilheiros, como já fora Oswald de Andrade, a guerrilha teórica imposta por Décio Pignatari representa um passo importante, devemos ampliá-la através da prática de uma luta comum, nacional, contra o subdesenvolvimento cultural, político e social.
O poema-Processo conseguiu marcar presença constante no contexto cultural do Brasil e em outros países, com exposições e debates em várias capitais brasileiras: Rio de Janeiro, Natal, João Pessoa, Recife, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Brasília, em seguida Argentina e Uruguai.
1972. Uma parada tática. Para avaliar que rumo tomaria o movimento, muitos fizeram experimentos, seguindo as postulações teóricas do Poema-Processo, entre os quais Alderico Leandro, Bosco Lopes, Rejane e Vicente Serejo, Natanael Virginio, Enock Domingos, Bené Chaves, Aléxis Gurgel, Racine Santos, Eduardo Gosson. Uns recuariam estrategicamente, a exemplo de Laércio Bezerra, Nei Leandro, Bosco Lopes, outros não quiseram continuar e simplesmente desistiram.
1977. Expoética, mostra comemorativa aos 10 anos do Poema-Processo, organizada por J. Medeiros, Anchieta Fernandes e Falves Silva, realizada na Biblioteca Câmara Cascudo. No evento, aconteceu um show musical que contou com a presença de Babal, João e Eri Galvão e os paraibanos Pedro Osmar e Paulo Ró.
A grande contribuição no campo da prática teórica no Estado se deve a Moacy Cirne e Anchieta Fernandes, incansáveis pesquisadores de semiótica, ao longo desses 40 anos, o que incentivou o surgimento de jornais e suplementos literários, a exemplo do Contexto, inicialmente editado por Tarcísio Gurgel, assessorado por J. Medeiros e Anchieta Fernandes, ou ainda a revista Criação, editada por Dácio Galvão, Falves Silva e Venâncio Pinheiro, e por último, o jornal A margem, editado por Anchieta Fernandes, Franklin Capistrano e Falves Silva. Essa publicação teve duração de 1986 a 2000.
2007. Existem hoje duas dissertações de mestrado no Estado, sob a visão da teoria do Poema-Processo: Da poesia ao poema, de Dácio Galvão, e Poética da Invenção, de J. Medeiros. Esperamos que outros estudiosos se aventurem nos próximos anos.

ESSES INSANOS...

ANTONIO PINTO DE MEDEIROS

João da Mata Costa

Percorrendo uma trajetória no limite entre a vida e a morte, entre o reino de lethe e os encantos de mnemosyne, continuo a evocar os poetas da minha terra, os que aqui poetaram mesmo nascidos fora, os que daqui partiram levando o sentimento da terra que o acolheu. Os personagens são seres de papel, disse Barthes. Os poetas assim como nós, leitores, também somos seres de papel e sombras, habitantes de uma biblioteca de babel de onde resgato um poeta esquecido e grande crítico de literatura: Antonio Pinto de Medeiros.  Editor de importantes livros da Cultura do Rio Grande do Norte. Assim como a poetisa Mirian Coeli, ele nasceu no Amazonas e migrou moço para Natal onde estudou até o curso secundário. Bacharelou-se na famosa escola de Direito do Recife, em 1950, foi seminarista em Manaus quando leu mais Anatole France do que os doutores da igreja, abandonando a vocação eclesial.   A frase do Anatole “ a  injustiça deve ser o próprio pensamento de Deus”, poderia ter sido dita pelo irônico Antônio Pinto de Medeiros, nascido em Manaus  (AM ) em 09 de Novembro de 1919, e falecido no Rio de Janeiro em  09 de Fevereiro de 1970.
Largando o seminário, foi professor de Português em Mossoró e Natal, cidade onde desenvolveu intensa atividade intelectual como professor, jornalista e escritor. Com o apoio do governador Silvio Pedrosa e como diretor da Imprensa Oficial, publicou vários livros de escritores importantes do RN.  Em 1952 foi editado pelo Departamento de Imprensa, em papel jornal, o livro “Sertão de Espinho e Flor” do poeta Otoniel Menezes.
Meus professores Liacir e Ary Guerra foram seus alunos no Atheneu. Nas aulas nada ortodoxas contava causos pitorescos e anedotas. Não reprovava alunos e mandava fazer trabalhos em casa. Numa prova em que o tema da redação era “ Um Pingo d`água”, um aluno que apenas escreveu “Afoguei-me no pingo d´agua”, recebeu a nota máxima ( Ary Guerra em Histórias que Vivi, ed. Sebo Vermelho ) 
Como poeta ele produziu os livros de poemas em versos livres de grande expressividade imagética e filosófica, Um poeta à-toa (1949) e Rio do Vento (1952).  Nos anos 50 assinou uma coluna no Diário de Natal intitulada Mirante e a coluna “O Santo Ofício” em “O Poti” com o pseudônimo Torquemada.  Como o nome do temido inquisidor espanhol fazia lembrar, Pinto Monteiro era muito temido por sua crítica irônica e mordaz.  Em meados da década de 50 ele se transfere para o Rio de Janeiro, e dedica-se crônica futebolística. Em Natal,  foi um freqüentador assíduo do cabaré de Maria Boa, gostava de dizer que o RN era governado naquele recinto, onde se encontravam os Secretários de Estado, Deputados, Vereadores, Diretores de Repartições e demais governantes, para discutirem os problemas do Estado. No Poema Por Demais Explicativo ele diz: Não sou irônico não / infelizmente não sou / E meu ritmo é confuso.  Antonio Pinto foi integralista, e deixou. Foi Sargento, e deu baixa. Foi seminarista e não foi padre. Entrou para a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras e não se adaptou.

O escritor, médico e poeta Esmeraldo Siqueira, traçou de modo bem humorado o seu perfil, no soneto “Proteu Calibãnico”    (ublicado no livro Fauna Contemporânea )

Veio da selva: é amazonense, e disto
Confessa o seu orgulho extraordinário.
Cursou brilhantemente o seminário,
Mas, por fim, seu um coice em Jesus Cristo.

Poderia de todos, ser bem benquisto,
Se não fosse tão trêfego e tão vário.
Prefere ao rumo certo o itinerário
Que lhe aponte mais dúvida e imprevisto

Professor, jornalista, bacharel,
Diplomado na escola de Recife,
Banca o político e festeja as musas.

Caliban faz-lhe bem, ri de Ariel,
Sem se importar com o nome do patife
Nem com a fama de práticas excusas.


O escritor José Gonçalves de Medeiros, em matéria publicada no Jornal do Comércio do Recife em 04/09/1949, sobre o movimento literário no Nordeste, assim se referiu ao protonotário poeta:

          “ Finalmente , o inquieto Antonio Pinto de Medeiros, a quem devemos certamente a agitação modernista da mocidade de Natal e que acaba de publicar o seu Poeta- à- toa louvado pela crítica daqui como do sul “

          José Gonçalves faleceu tragicamente num acidente de avião em 1952, e o grande poeta Antonio Pinto publicou no Diário de Natal de 13/07/ 1952, o poema “ A Pedra “ do livro Rio do Vento.

          À memória de José Gonçalves, “ companheiro de tantas coisas”

          Neutra a paisagem e o tempo
          Usa a mascara inconsútil
          Do segundo que repete
          A neutra paisagem e o sonho
          Neutro. O outono é promessa
          Do homem que se repete
          Múltiplo na dor e no ritmo

          Inerte mordendo o barro
          - Matéria prima das cinzas –
          Não o fecunda. Uma e estéril
          Sem lembranças de outras vidas
          Afaga a memória e a infância
          Que se confunde com as outras
          Mortas idades e sombras

Dorian Jorge Freire (“o Raibrito” ) em belíssimo prefácio escrito com emoção na re-edição do livro “Rio do Vento”  ( NossaEditora / FJA 1984 ), escreve sobre o amigo:
         
Chegou a hora de expor todo Antonio Pinto de Medeiros. Até seus bilhetes, até as dedicatórias de seus livros. Em seguida o  texto da palestra sobre Anatole France ( Pinto foi convidado a proferir essa palestra em 1943, quando o prof. Alvamar Furtado então diretor do Atheneu, convidou pessoas de notório saber para proferir as conferencias ).

          Tenho para mim que um homem como Pinto, com as suas originalidades todas, o seu saber múltiplo, a sua cultura, a sua inteligência, o seu talento,  a sua sensibilidade, a sua prosa, a sua poesia, a sua crítica, o RN não produziu antes dele nem o substituiu quando ele foi para o céu.  Igual a ele nunca mais. Com aquela agilidade mental, aquela prontidão, aquele fogo de trezentos sóis, duvido. Du-vi-do!

          Os que o conheceram de perto ou de longe, beneficiários ou vítimas, sabem disso. O quanto influenciou a província. Quantas inteligências plasmou. A liderança que exerceu. Os autores que revelou. As obras que leu e criticou para o seu público ...

Antonio pinto foi um grande poeta, para alem de grande crítico de literatura. Não o poeta de um verso que se destaca, mas poeta de grande inventividade e dicção própria. Poeta inspirado de técnica apurada e cadencia num  universo de sombras e mistérios.

“ Tragam as ânforas / que as pedras estão / à espera das sementes”

Como Fernando Pessoa, o poeta quer tudo, mas: “sobretudo as bolhas de sabão”.

Poema do Desejo Impossível

Quero as lágrimas perdidas
E os risos perdidos
Os Risos inúteis
E as lágrimas de sal.

Quero os versos à toa
E a fé que herdei
A Fé que perdi
E os versos á toa

Quero de novo o sentido da vida
E a alegria mãe
A alegria extinta
E o sentido da vida que eu próprio matei.

Mas quero sobretudo a bolha de sabão .......


Em Auto de Fé, Pinto diz seu credo:


ATO DE FÉ

Creio na infinita procura
E nos caminhos ardentes
Creio no mistério da carne
E no limbo das ideias
Creio no silêncio sem fronteiras
E no tumulto das sombras
Creio na mágica do tempo
E na divindade das forças
Creio no trono de Judas
E na redenção dos anjos caídos.

Carregamos consigo mistérios. Um texto. Uma trombeta da infância. Pinto carrega todos os mistérios da vida e da existência.
Viajemos em seus versos poderosos. “os ventos trazem alegorias / mas não conduzem mensagens”.  O enigma permanece em
“ Loucos olhos bovaristas” . . .

sexta-feira, 8 de julho de 2011

VAGANDO NA NATAL CIDADE: O BURACO DA CATITA



Natal, para alguém que está chegando por essas bandas do Potengi, é uma cidade que logo se anuncia como todos dizem por aí – uma mistura de provinciana com cosmopolita, de um prosaísmo local e muito peculiar misturado a uma cosmovisão do humano no que de mais demasiado e universal. Para além do encontro entre Jorge Fernandes e Manuel Bandeira, para além da recente nova comuna em prol do "xô, inseta!", para além de Zé Areia versus american way, Natal é essa mistura de cores e tons, do mais requintado ao mais desafinado.
Natal cidade, uma complexidade só!
Um caso, por exemplo: o Buraco da Catita, charmoso bar no bairro da Ribeira.
Gostei de lá desde a primeira vez. Ambiente legal, comida legal, som legal. Mas como namoro antigo e encruado, comecei a perceber os abusos. O mais grave de todos, certamente – apropriar-se do espaço público em função de interesses particulares.
Colocaram uma mureta disciplinar (olha aí os corpos dóceis sob o controle do espaço, Foucault!) e um porteiro para cobrar o nobre “pagamento dos músicos” e simplesmente fecharam a rua. O que querem mesmo é acabar com a concorrência “desleal” dos ambulantes que vendem cerveja tão gelada e não cobram couvert. O pior de tudo era a pulseirinha para colocar no pulso, como algema de parque aquático. Exceto pelos músicos, preciso dizer sobre a mentalidade da casa que esta atitude expressa: um horror!

domingo, 3 de julho de 2011

ESSES INSANOS...



Nascida em Santiago de Compostela, no ano de 1837, a escritora Rosalía de Castro é considerada uma das principais personalidades da história da Galícia. Foi uma das precursoras das manifestações artísticas do Nacionalismo do século XIX, representando o renascimento da cultura galega.: é dela o primeiro livro publicado em língua galega (até então restrita à oralidade e muito discriminada) - Cantares Galegos, cuja data de publicação (17 de maio de 1863) é homenageada anualmente com a comemoração do Dia das Letras Galegas.
Diferentemente das mulheres de sua época, Rosalía de Castro, tida como mulher determinada, não se contentou em se dedicar aos afazeres do lar e da família (embora tenha sido esposa dedicada do também escritor Manoel Murguía, de quem teve sete filhos) e ousou fazer algo inadmissível para a mulher de seu tempo, na sua região: poesia.
Morreu em Padron, no ano de 1885, com apenas 48 anos de idade.

Has de cantar,
meniña gaiteira,
has de cantar
que me morro de pena.