segunda-feira, 16 de maio de 2011

DO FLÂNEUR

Já vejo o poeta, bêbado, seguindo meio trôpego pelas ruas, não se sabe para onde. Depois de errar de bar em bar, ao avançar da noite, também ele avança por entre as ruas e avenidas, um verso a lhe escapar da mente-memória, uma musa a lhe soprar no coração-paixão, vai ele seguindo, anjo nem tão veloz, mas efêmero em meio a gentes, lojas, automóveis, semáforos que dizem sim e não, sim e não, sim e não ao longo da antiga rua da Aurora...

4 comentários:

  1. Acho que eu já vi esse poeta caindo pelas tabelas a topar os paralelepípedos das adjacências do Beco da Lama... Muito legal o blog. Bj, Rafa

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  2. Senti um aconchego 'adentrando' seu blog, especialmente pela imagem, que parece berrar: sê benvinda! A leitura reitera a sensação de hospitalidade e bem-estar. Talvez, porque no fundo, quero muito visitar-te e imagino isso de muitas formas. Um enorme beijo, Celli.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Cadarços soltos
    Um par de pernas invertidas
    um jeans roto de barra dobrada.
    Uma camisa de botão, aberta, desfraldada.
    O olhar fixo na guia da calçada
    Esforço pra se manter em linha reta.
    Descaminho na cidade infernizada
    de buzinas zum-zum-zuns e gargalhadas.
    Olhos em chamas, pálpebras alquebradas.
    Orelhas de antena, cabeleira de fuligem.
    Boca de coivara
    sustendo um toco morto de boró,
    a impaciência e o torpor da fala
    Sonolência, limbo, meia meta.
    Cada porta a esperança da chegada
    ao ponto onde repousa transparente
    o copo com a última talagada.

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