segunda-feira, 6 de agosto de 2012

RELES RESENHA - "Elogio da Mentira", de Patrícia Melo

Bom, preciso confessar - o continho ordinário anterior (Mais uma crônica de mais um amor louco), eu escrevi porque estava atordoada com a minha última leitura - Elogio da Mentira, de Patrícia Melo. Embora não interesse a ninguém, embora o caos na Síria continue da mesma maneira e o calçadão de Ponta Negra permaneça do jeito que está, essa é a motivaçào desta reles resenha - falar do livro da tal pagu.
Para além daquelas informações de orelha (ai, as orelhas de um livro...), o que fez o livro me ganhar mesmo, ele, adquirido ali numa maisoutra livraria de um mais outro shopping (Ed. Rocco, 20110), entre várias coisinhas (precinho razoável, lembrança de um velho amigo comentando em outros tempos, a condição de ser de uma mulher escritora, ótimo título), o que me ganhou foi ela ter dedicado ao Rubem Fonseca, ficcionista por quem ando enamorada ultimamente.
E ela fala de coisas absurdas e simultaneamente muito comuns a todos nós, reles mortais (pretensos escritores ou não): o amor entre um escritor plagiador de romances policiais de qualidade pra-lá-de-duvidosa (José Guber) e uma bióloga suspeitamente apaixonada por ofídios (Fúlvia Melissa).
Nas primeiras linhas, pela agilidade e leveza do ritmo, Patrícia me ganhou de vez. Ela, com crueldade e doçura, narra nosso existir. Como nesse trecho, diálogo dos amantes que planejam a morte do marido dela:


"Covarde, ela disse, covarde, vou matar sozinha, nào se preocupe, mato por nós dois, fique aqui escrevendo seus livrinhos, seus crimezinhos, covarde, eu vou matar sozinha. E plumb, bateu a porta, me deixando plantado na sala. Naquela época, eu já era louco por Fúlvia. Quando estávamos na cama, eu dizia, eu entro no seu corpo e tudo em mim, meu sangue, minhas células, meus átomos, meus elétrons, eles gritam, eu amo essa mulher. Das outras mulheres, eu nem me lembrava, Fúlvia veio como uma onda de mar bravo, desses que a gente vê na televisão, gigante, encobrindo tudo. Só que eu nào era capaz de matar ninguém. Uma coisa era escrever sobre crimes de mentira, e outra, completamente diferente, era matar um ser humano, apertar o gatilho, enfiar a faca, esganar ou lá o que fosse." (P. 31-32).

Eita!
Próxima leitura - O matador, da mesma Patrícia Melo. Pode cobrar.

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